Comparando Quarkus e Spring Boot: Escolhendo o Framework Java Adequado
Como o desenvolvimento de aplicações em Java está na indústria de software há décadas e com o passar do tempo acompanhamos a evolução de frameworks que tem como objetivo simplificar e otimizar o processo de criação de aplicações robustas, eficientes e modernas.
O Quarks e o Spring Boot foram projetados para ajudar os desenvolvedores a construir aplicações em Java, mas eles têm abordagens e casos de uso ligeiramente diferentes e serão exploradas as características, os pontos fortes e os cenários de uso do Quarkus e do Spring Boot.
Introdução ao Quarkus
O Quarkus é um framework que oferece uma solução moderna e inovadora para o desenvolvimento de aplicativos Java, especialmente adaptada para microsserviços, aplicações nativas em nuvem e ambientes serverless e o seu diferencial é a ênfase na eficiência, no desempenho e na otimização de recursos. Vamos explorar algumas das características do Quarkus:
- Eficiência de Memória: O Quarkus se destaca por sua eficiência no uso de memória. Em comparação com uma aplicação tradicional que usaria 209 MB de memória, a mesma aplicação desenvolvida em Quarkus usaria cerca de 145 MB, o que é uma economia significativa de cerca de 31%.
- Tempo de Inicialização Rápido: Uma das vantagens marcantes do Quarkus é seu tempo de inicialização extremamente baixo. Enquanto aplicações tradicionais podem levar cerca de 9 segundos para iniciar, o Quarkus, usando a parte Java, inicia em apenas 2 segundos, representando uma redução de 79%.
- Compatibilidade Microprofile: O Quarkus é uma implementação da especificação MicroProfile, que é destinada ao desenvolvimento de microsserviços, então é um perfeito para criação de microsserviços, incluindo recursos como rastreamento e tolerância a falhas.
- Desenvolvimento sem Redeploys: O Quarkus permite o desenvolvimento contínuo sem a necessidade frequente de reiniciar o aplicativo, em grande parte dos casos, é possível fazer alterações nos métodos, extensões e configurações sem a necessidade de reinicialização.
- Migração Simplificada para Usuários Spring: Se você já trabalha com o Spring, a migração para o Quarkus é facilitada, não necessariamente é um substituto completo para todas as funcionalidades do Spring, mas o Quarkus oferece extensões para bibliotecas amplamente usadas, como Spring Data JPA, Spring DI, Spring Security, Spring Web e Spring Cloud Config Client.
- Baseado no Vert.x para Aplicações Leves e Reativas: O Quarkus foi construído sobre o Vert.x, que é uma biblioteca que permite o desenvolvimento de aplicações leves, reativas e não bloqueantes, bem parecida com à abordagem do Node.js, fazendo com sejauma excelente escolha para serviços reativos e IoT.
- Combinação de Programação Imperativa e Reativa: O Quarkus combina a programação imperativa com a programação reativa, o que leva a um desempenho excepcional, especialmente ao adotar abordagens reativas.
- Facilidade de Configuração: O Quarkus oferece facilidade na configuração de bibliotecas através de extensões, a estrutura de configuração atual não seja idêntica à do Spring, a evolução está em andamento para melhorar esse aspecto.
(/code.quarkus.io/)
(/start.spring.io/)
GraalVM: Usando o GraalVM na compilação nativa, o tempo de inicialização é reduzido ainda mais e economiza 99,5% do tempo, com a aplicação disponível para responder à primeira requisição em apenas 0,04 segundo. Então a otimização é ainda mais pronunciada quando se compila o aplicativo Quarkus com GraalVM, pois o resultado é uma economia de memória de 86%, usando apenas 28 MB em produção.
Introdução ao Spring Boot
O Spring Boot, por sua vez, é um dos frameworks Java mais populares e amplamente adotados para o desenvolvimento, se destacando por sua abordagem orientada por convenções e sua capacidade de simplificar o desenvolvimento de aplicações, então vamos explorar algumas das principais características do Spring Boot:
- Opiniões Sensatas por Padrão: Uma das suas características marcantes é a de "opinião sensatas por padrão" que significa que o framework toma decisões sensatas de configuração com base nas dependências que você adiciona ao seu projeto e com isso reduz a necessidade de configuração manual extensiva, permitindo que os desenvolvedores comecem a codificar imediatamente.
- Configuração Simplificada: O SpringBoot tem configuração simplificada, elimina grande parte da complexidade da configuração manual, além de fornecer configurações padrão para várias tecnologias, reduzindo a curva de aprendizado e permitindo que os desenvolvedores se concentrem nas funcionalidades do aplicativo.
- Desenvolvimento Orientado por Anotações: O Spring Boot promove uma abordagem de desenvolvimento orientada por anotações, permitindo que os desenvolvedores usem anotações para configurar rapidamente funcionalidades específicas do aplicativo. Isso acelera o processo de desenvolvimento, pois os desenvolvedores podem adicionar funcionalidades com apenas algumas linhas de código.
- Ecossistema e Integrações: O Spring Boot possui um ecossistema robusto e uma ampla gama de módulos que facilitam a integração com várias tecnologias, como bancos de dados, segurança, APIs RESTful e muito mais. Isso permite que os desenvolvedores criem aplicativos completos e funcionais com facilidade.
Comparando
1. Tempo de Inicialização (Boot Time)
O Quarkus é conhecido por seu tempo de inicialização extremamente rápido. Ele pode iniciar em apenas alguns milissegundos, o que o torna especialmente adequado para ambientes de nuvem e microserviços, e também por parte de sua compilação nativa usando a GraalVM.
O Spring Boot tem um tempo de inicialização comparativamente mais longo, geralmente variando em segundos e embora tenha melhorado suas velocidades de inicialização ao longo das versões, ainda não atinge os tempos ultra-rápidos do Quarkus.
2. Consumo de Memória
O Quarkus é projetado para ser eficiente em termos de memória, porque utiliza otimização de memória, o que resulta em um consumo menor em comparação com outros frameworks.
O consumo de memória do Spring Boot é mais alto em comparação com o Quarkus , o que em muitos casos não importa muito, mas o Quarkus tende a ser mais leve em relação ao uso de recursos.
3. Produtividade de Desenvolvimento
O Quarkus oferece uma produtividade de desenvolvimento elevada com sua abordagem de desenvolvimento contínuo e redeploys rápidos, pois as alterações feitas no código muitas vezes não exigem reinicializações completas da aplicação.
O Spring Boot também fornece uma boa produtividade de desenvolvimento, permitindo o desenvolvimento rápido com suas convenções e "starters", só que as reinicializações frequentes durante o desenvolvimento podem ser mais demoradas.
4. Ecossistema e Compatibilidade
O Quarkus é mais recente e pode não ter a mesma variedade de extensões e bibliotecas disponíveis no ecossistema Spring, mas ele ainda oferece uma variedade de extensões para integração com tecnologias populares.
O Spring Boot tem um ecossistema maduro e extenso, com uma grande variedade de bibliotecas, extensões e módulos disponíveis.
5. Compatibilidade MicroProfile
O Quarkus implementa especificações MicroProfile, fornecendo um ambiente otimizado para o desenvolvimento de microsserviços, com recursos como tolerância a falhas e monitoramento.
Embora o Spring Boot não seja diretamente associado ao MicroProfile, ele também é usado para o desenvolvimento de microsserviços, mas com uma abordagem ligeiramente diferente, como usar junto a ele uma arquitetura MVC.
6. Performance
O Quarkus é projetado para otimizar a performance, especialmente em cenários de microsserviços e aplicativos reativos, sua compilação nativa e as otimizações de memória contribuem para um desempenho impressionante.
O Spring Boot oferece um bom desempenho, mas em comparação direta com o Quarkus, pode não ser tão eficiente em termos de uso de recursos e velocidade de execução.
7. Migração e Familiaridade
O Quarkus busca facilitar a migração para aqueles que já estão familiarizados com o ecossistema Spring e até algumas extensões são semelhantes às usadas no Spring Boot, tornando a transição mais suave.
Para aqueles que já estão habituados ao ecossistema Spring, a transição para o Spring Boot é natural, pois ele segue as convenções e padrões do Spring Framework.
8. Suporte Corporativo e Comunidade
Embora seja um projeto mais recente, o Quarkus é apoiado pela Red Hat e tem uma crescente comunidade oferecendo suporte corporativo por meio de empresas como a Red Hat.
O Spring Boot é suportado pela Pivotal (agora parte da VMware) e possui uma comunidade muito ativa e estabelecida.
Conclusão
Em resumo, podemos concluir que o Quarkus vai se destacar por sua eficiência de memória, tempo de inicialização rápido, compatibilidade com MicroProfile, desenvolvimento ágil sem necessidade de redeploy constante e migração facilitada e pra quem já está familiarizado com o ecossistema Spring reconhece todas as suas vantagens de automação e otimização de desenvolvimento de aplicações.
O open source, aliado a uma combinação de programação imperativa e reativa, tornam o Quarkus uma opção interessante para o desenvolvimento de aplicativos modernos e eficientes.
Mas tanto o Quarkus quanto o Spring Boot são frameworks Java altamente respeitados e amplamente adotados na comunidade de desenvolvimento, independente da escolha entre eles, que vai depender das características do projeto em questão, das necessidades específicas do aplicativo e das preferências da equipe de desenvolvimento.
O Quarkus é ideal para aplicativos nativos em nuvem, microsserviços e ambientes serverless que exigem otimização de recursos, desempenho e tempos de inicialização rápidos. Por outro lado, o Spring Boot é uma opção versátil que abrange uma variedade de cenários, desde aplicativos corporativos até microsserviços e APIs RESTful. Independentemente de qual framework você escolher, ambos oferecem recursos sólidos, ecossistemas ativos e recursos de suporte para ajudá-lo a criar aplicativos Java modernos e eficientes, então só é necessário saber aproveitar todos os benefícios que eles oferecem no momento que melhor convém.
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