Mulheres na tecnologia: meus primeiros passos na área tech

Mulheres na tecnologia: meus primeiros passos na área tech

Você que se identifica como mulher, já sonhou em entrar para o mundo da tecnologia? Ou até iniciou seus estudos na tecnologia, mas parou por se sentir incapaz ou por não encontrar oportunidades?. Essa é uma realidade que ocorre com frequência. Muitas mulheres não recebem o incentivo para se capacitar na área. Há ainda, barreiras sociais baseadas no achismo de que se trata de uma profissão masculina, e é aí que muita gente se engana.

Na história da tecnologia, as mulheres foram primordiais para chegarmos onde chegamos. Se hoje nossos celulares podem se conectar às redes wifi, foi graças a uma mulher chamada Hedy Lamarr que acreditou que isso era possível e desenvolveu aparelhos de rádio que usavam frequência durante a segunda guerra mundial. Vale citar também a britânica Ada Lovelace, que mesmo com o pouco conhecimento da época, foi capaz de construir o primeiro algoritmo processável em uma máquina.

Nesse artigo, quero simplificar o olhar em relação às áreas de tecnologia. Por meio dele, quero incentivar mais mulheres a atuar nesse território e, além disso, vou contar minha história e dar dicas de como e por onde começar.


Contando um pouco da minha história

Olá, meu nome é Gizele e vou contar um pouco da minha história. Meu primeiro contato com tecnologia aconteceu no ensino médio, eu havia acabado de mudar de escola e eu passaria a ter aulas de informática. Até o momento, nunca havia passado pela cabeça a possibilidade de seguir essa área, eu tinha em mente as mesmas profissões que todos os adolescentes da época tinham, algo relacionado a ciências ou quem sabe humanas. Eu me dava bem com todas as disciplinas e isso tornava o processo de escolher que carreira seguir um pouco mais difícil.

Fui tendo aulas de informática e, a cada nova aula, uma descoberta. As provas eram desafiadoras, mas eu gostava disso porque sentia que sempre tinha algo novo a aprender. Frequentemente surgia o assunto nas rodas de conversas sobre qual carreira seguir ao final do ensino médio. Foi então que eu comecei a pesquisar os cursos da área tech que eram oferecidos nos locais próximos onde eu morava, visto que, na época, eu morava no interior e lá não ofereciam as oportunidades de ensino na carreira que eu queria pra mim.

Ao final do ensino médio, eu tinha certeza que queria ser programadora. Então eu foquei em passar em universidades que ofereciam o curso que eu desejava, montei um cronograma de estudos e fui seguindo. Fiz muitos exercícios para fixar a compreensão. Dessa forma, acabei conseguindo a vaga para uma das universidades na qual me inscrevi, mudei de cidade e comecei a cursar Engenharia da Computação. Tenho, no entanto, absoluta certeza que se eu não tivesse sido instigada lá atrás, pela matéria e pelo meu professor, eu sequer teria pensado em entrar na área.

Acontece que muitas meninas não têm esse incentivo, não possuem a oportunidade de conhecer a área, acham que é algo complexo ou até que não são capazes. Certamente é um mercado que exige muito estudo. Você está sempre aprendendo coisas novas porque tem sempre algo novo sendo criado, a tecnologia evolui muito rápido e não faz sentido ficar estagnado ou parado com um conhecimento antigo.

Como consegui uma oportunidade profissional

Eu sempre me dediquei ao máximo para aprender coisas novas na área que eu escolhi. O esforço sempre vale a pena no final das contas. Eu procurava cursos gratuitos online na internet, fazia projetos para me aperfeiçoar. Eu cursava engenharia de computação, mas os cursos serviam como complemento da minha vida acadêmica. Acontece que muitas coisas você só aprende na prática.

Que fique claro: nem sempre a graduação é um pré-requisito para ser aceito nas empresas, mas ter o diploma abre muitas portas. Por estar matriculada numa universidade, eu tinha a chance de fazer um estágio para colocar em prática meus conhecimentos e ao mesmo tempo aprender novas habilidades. Dessa forma, me candidatei para uma vaga de estágio numa empresa do setor público na mesma cidade onde fiz meu curso. Fui chamada e tive a oportunidade de iniciar no mercado de trabalho. Após um tempo, eu desejei progredir na minha carreira. Queria ser contratada efetivamente por uma empresa que fosse alinhada com meus objetivos e comecei a buscar na internet algumas vagas. Ao mesmo tempo, fazia cursos que ofereciam certificações para me especializar.

Eu adquiri o hábito de usar a rede social linkedin frequentemente e foi por meio dele que eu descobri que estavam abertas as inscrições para o Luiza Code, um programa da empresa Magazine Luiza que oferecia um curso com o intuito de trazer mais mulheres para o ramo da tecnologia e, ao final do processo, eu teria a chance de ser entrevistada por profissionais da empresa. Não pensei duas vezes e me inscrevi. Seria uma boa oportunidade se eu fosse aceita nas entrevistas e também tinha o fato que eu aprenderia muito durante o curso. Após passar por vários processos, que incluíam entrevistas, dentre outras etapas, eu fui uma das escolhidas para fazer parte do Luiza Code.

A experiência que tive foi incrível. A sala de aula era composta apenas por meninas ou por pessoas que se identificassem como menina, e durante vários momentos encontrei uma rede de apoio muito grande. Todas estavam ali unidas por um único propósito: aprender uma linguagem de programação e, por isso, nos ajudávamos muito nas tarefas. A sensação que eu tinha era que existiam muitas outras pessoas na mesma jornada que eu, trilhando um caminho de aprendizado. Todas desejavam uma oportunidade de pôr em prática o que aprenderam. Esse é um dos lados bons de fazer parte de um programa ou instituição voltada para esse intuito, você percebe que não está sozinha.

Ao final do curso, apresentamos um projeto final para uma banca avaliadora, o que nos fez perceber o quanto havíamos progredido nesse meio tempo. Passado algumas semanas, o RH da empresa começou a chamar as meninas interessadas para uma entrevista de emprego. Eu fui super bem recebida durante todas as etapas do processo. Estudei bastante sobre a empresa e a cultura e, no final, fui selecionada. Fiquei muito feliz com a notícia. Afinal, após muito estudo e esforço, consegui conquistar o meu primeiro emprego efetivo.

Independentemente da trajetória que você tiver, trago algumas dicas para quem deseja iniciar na carreira, pontos que me ajudaram:

- Procure fazer cursos. Hoje existe muita coisa online e nem é preciso sair de casa para obter conhecimento.

- Faça projetos práticos. Isso ajuda bastante e mostra ao recrutador o quanto você é esforçada e tem domínio do assunto.

- Se inscreva para processos seletivos, mesmo que o resultado seja negativo. Serve como experiência para que nas próximas entrevistas você se saia melhor. E se você encontrar um programa que apoia mulheres a entrar na área da tecnologia, melhor ainda.

- Construa uma rede de contatos. Isso vai lhe ajudar a chegar mais longe.

No próximo tópico, darei mais detalhes sobre o programa que participei, o Luiza Code, e mostrarei o ponto de vista de quem está por trás da organização do programa.

Um pouco mais sobre o programa Luiza Code

Como eu já havia comentado, o Luiza Code é um programa criado pelo Magazine Luiza, que oferece bolsas de estudo para mulheres que tenham interesse em aprender uma linguagem de programação. Abaixo você poderá visualizar um vídeo do sucesso que foi a primeira edição do programa.

Fonte: Luiza Code

Conversei com a Bia Buchalla, do time de gestão de pessoas do Magazine Luiza, que me forneceu algumas informações mais detalhadas sobre o programa. Segundo ela, o Luiza Code nasceu com o propósito de contribuir com o ecossistema de tecnologia, incentivando a entrada do público feminino numa área predominantemente masculina.

Desde que começou, o programa já ofertou cerca de 550 bolsas de estudo ao longo de 5 edições. Apesar do sucesso do curso, por trás dos bastidores, há ainda alguns desafios que vêm sendo enfrentados a cada edição pela equipe organizadora. São eles: desenhar uma trilha de aprendizado para que todas as selecionadas possam ter a melhor experiência de aprendizado dentro da carga horária proposta e gerenciar as agendas de alunas e professores, principalmente quando há atividades extras como mentorias. Para os leitores interessados em participar das próximas edições, perguntei para ela o que faz um candidato se destacar durante a entrevista.


“Ser apaixonada por tecnologia, ter conhecimento básico de linguagem de programação, estar alinhado com a cultura do Magazine Luiza, demonstrar entusiasmo, determinação e força de vontade para aprender e se desenvolver”.

As pessoas interessadas devem se inscrever no site amplamente divulgado pela empresa e passar por todo um processo de seleção. No entanto, no momento em que estou escrevendo este artigo, não há uma edição com inscrições em aberto, mas deixo aqui o site da quinta edição, caso tenha interesse em se aprofundar.

Conclusão

Sou grata por ter encontrado um programa que me apoiou e me deu a oportunidade de seguir com a profissão que eu amo. Tenho certeza que há muitas outras iniciativas como essa espalhadas pelo mundo, e fazer parte dela facilitou meu caminho nessa jornada e me desenvolveu no lado pessoal.

Se você decidir trilhar um caminho tech, espero que você encontre esse apoio que eu tive. E aqui vai uma última dica: trace uma meta e dê o seu melhor para conquistá-la. Não desanime se algo der errado no processo, tente de novo e de novo.

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