Testes automatizados: tipos, ferramentas e boas práticas
Os testes automatizados são uma forma de verificar o funcionamento e a qualidade de um software sem a intervenção humana. Os testes automatizados são executados por meio de scripts ou programas que simulam as ações e os resultados esperados dos usuários ou de outros sistemas.
Os testes automatizados trazem diversos benefícios para o desenvolvimento de software, tais como:
- Aumento da confiabilidade e da segurança do software, pois permitem detectar e corrigir erros mais rapidamente e com mais precisão.
- Redução do tempo e do custo do desenvolvimento, pois permitem executar os testes de forma mais rápida, frequente e abrangente.
- Melhoria da produtividade e da qualidade do código, pois permitem aplicar boas práticas de programação, como refatoração, integração contínua e entrega contínua.
- Facilitação da manutenção e da evolução do software, pois permitem verificar o impacto das mudanças no código e garantir a compatibilidade entre as versões.
Neste artigo, vamos ver quais são os principais tipos de testes automatizados, quais são as ferramentas mais usadas para realizá-los e quais são as boas práticas para aplicá-los.
Tipos de testes automatizados
Existem diversos tipos de testes automatizados, que podem ser classificados de acordo com o nível, o objetivo e a abordagem dos testes. Vamos ver alguns dos tipos mais comuns:
Testes de unidade
Os testes de unidade são os testes que verificam o funcionamento de uma unidade isolada do código, como uma função, um método ou uma classe. Os testes de unidade têm como objetivo garantir que a unidade faça exatamente o que se espera dela, dadas as entradas e as saídas esperadas.
Os testes de unidade são geralmente escritos pelos próprios desenvolvedores, usando frameworks específicos para cada linguagem de programação. Alguns exemplos de frameworks para testes de unidade são:
- JUnit (Java)
- Pytest (Python)
- Mocha (JavaScript)
- RSpec (Ruby)
Um exemplo de teste de unidade em Python usando o Pytest é:
Testes de integração
Os testes de integração são os testes que verificam o funcionamento da interação entre duas ou mais unidades do código, como funções, módulos ou componentes. Os testes de integração têm como objetivo garantir que as unidades se comuniquem corretamente entre si, respeitando os contratos e as interfaces definidos.
Os testes de integração podem ser escritos pelos próprios desenvolvedores ou por equipes especializadas em qualidade de software, usando frameworks específicos ou ferramentas genéricas. Alguns exemplos de ferramentas para testes de integração são:
- Postman (APIs)
- Selenium (Web)
- Appium (Mobile)
- Cucumber (BDD)
Um exemplo de teste de integração em Java usando o JUnit é:
Testes de funcionalidade
Os testes de funcionalidade são os testes que verificam o funcionamento das funcionalidades do software do ponto de vista do usuário final. Os testes de funcionalidade têm como objetivo garantir que o software atenda aos requisitos e às expectativas dos usuários, em termos de usabilidade, acessibilidade e compatibilidade.
Os testes de funcionalidade podem ser escritos por equipes especializadas em qualidade de software ou por usuários reais ou simulados, usando ferramentas específicas ou genéricas. Alguns exemplos de ferramentas para testes de funcionalidade são:
- Selenium (Web)
- Appium (Mobile)
- JMeter (Performance)
- TestComplete (GUI)
Um exemplo de teste de funcionalidade em Python usando o Selenium é:
Outros tipos de testes automatizados
Além dos tipos de testes citados acima, existem outros tipos de testes automatizados que podem ser aplicados em diferentes contextos e situações. Alguns exemplos são:
- Testes de regressão: São os testes que verificam se as mudanças no código não afetaram o funcionamento das funcionalidades já existentes.
- Testes de aceitação: São os testes que verificam se o software atende aos critérios de aceitação definidos pelo cliente ou pelo usuário.
- Testes de fumaça: São os testes que verificam se as funcionalidades básicas do software estão funcionando corretamente, antes de executar os testes mais detalhados.
- Testes de caixa-branca: São os testes que verificam o funcionamento interno do código, usando o conhecimento da estrutura e da lógica do software.
- Testes de caixa-preta: São os testes que verificam o funcionamento externo do software, usando apenas as entradas e as saídas esperadas, sem o conhecimento da estrutura e da lógica do software.
- Testes de caixa-cinza: São os testes que combinam os testes de caixa-branca e de caixa-preta, usando o conhecimento parcial da estrutura e da lógica do software.
Ferramentas de testes automatizados
Como vimos, existem diversas ferramentas que podem ser usadas para realizar os testes automatizados, dependendo do tipo, do objetivo e da abordagem dos testes. Algumas ferramentas são específicas para uma linguagem, um framework ou um domínio, enquanto outras são genéricas e podem ser usadas em diferentes contextos.
A escolha da ferramenta ideal depende de vários fatores, como a complexidade, a abrangência, a frequência e a velocidade dos testes, a compatibilidade, a integração, a manutenção e o custo das ferramentas, a experiência, o conhecimento e a preferência dos desenvolvedores e dos testadores, entre outros.
Não existe uma ferramenta perfeita ou universal para os testes automatizados. Cada ferramenta tem suas vantagens e desvantagens, seus pontos fortes e fracos, seus prós e contras. Por isso, é importante conhecer as características, as funcionalidades e as limitações das principais ferramentas disponíveis no mercado, para poder escolher a mais adequada para cada caso.
A seguir, vamos apresentar algumas das ferramentas mais populares e reconhecidas para os testes automatizados, divididas por categorias:
Ferramentas para testes de unidade
- JUnit: É um framework para testes de unidade em Java. É um dos frameworks mais antigos e mais usados para testes automatizados. Permite escrever testes simples e expressivos, usando anotações, asserções e exceções. Possui integração com diversas IDEs, ferramentas e bibliotecas. Site oficial: https://junit.org/junit5/
- Pytest: É um framework para testes de unidade em Python. É um dos frameworks mais modernos e mais populares para testes automatizados. Permite escrever testes concisos e elegantes, usando funções, classes e módulos. Possui diversos recursos avançados, como fixtures, parametrização, marcação e plugins. Site oficial: https://docs.pytest.org/en/6.2.x/
- Mocha: É um framework para testes de unidade em JavaScript. É um dos frameworks mais flexíveis e versáteis para testes automatizados. Permite escrever testes assíncronos e síncronos, usando diferentes interfaces, estilos e relatórios. Possui integração com diversas bibliotecas e ferramentas. Site oficial: https://mochajs.org/
- RSpec: É um framework para testes de unidade em Ruby. É um dos frameworks mais expressivos e fluídos para testes automatizados. Permite escrever testes orientados a comportamento (BDD), usando uma linguagem natural e descritiva. Possui diversos recursos úteis, como matchers, mocks, stubs e spies. Site oficial: https://rspec.info/
Ferramentas para testes de integração
- Postman: É uma ferramenta para testes de integração de APIs (Application Programming Interfaces). É uma das ferramentas mais completas e poderosas para testes automatizados de APIs. Permite criar, enviar e validar requisições HTTP (Hypertext Transfer Protocol) de forma fácil e intuitiva. Possui diversos recursos avançados, como variáveis, coleções, ambientes, scripts, monitores e relatórios. Site oficial: https://www.postman.com/
- Selenium: É uma ferramenta para testes de integração de aplicações web. É uma das ferramentas mais populares e reconhecidas para testes automatizados de web. Permite simular a interação do usuário com o navegador de forma realista e confiável. Possui diversos componentes, como WebDriver, Grid, IDE e RC. Site oficial: https://www.selenium.dev/
- Appium: É uma ferramenta para testes de integração de aplicações mobile. É uma das ferramentas mais modernas e inovadoras para testes automatizados de mobile. Permite testar aplicações nativas, híbridas e web em diferentes plataformas, como Android e iOS, usando a mesma API do Selenium. Site oficial: http://appium.io/
- Cucumber: É uma ferramenta para testes de integração orientados a comportamento (BDD). É uma das ferramentas mais expressivas e colaborativas para testes automatizados. Permite escrever cenários de teste em uma linguagem natural (Gherkin), que podem ser executados por diferentes frameworks em diferentes linguagens. Site oficial: https://cucumber.io/
Ferramentas para testes de funcionalidade
- Selenium: É uma ferramenta para testes de funcionalidade de aplicações web. Como vimos, é uma das ferramentas mais populares e reconhecidas para testes automatizados de web. Além de testar a integração entre as unidades do código, também permite testar a funcionalidade do software do ponto de vista do usuário final.
- Appium: É uma ferramenta para testes de funcionalidade de aplicações mobile. Como vimos, é uma das ferramentas mais modernas e inovadoras para testes automatizados de mobile. Além de testar a integração entre as unidades do código, também permite testar a funcionalidade do software do ponto de vista do usuário final.
- JMeter: É uma ferramenta para testes de funcionalidade de performance. É uma das ferramentas mais robustas e eficientes para testes automatizados de performance. Permite criar, executar e analisar cenários de teste que simulam a carga e o estresse que o software pode sofrer em situações reais. Site oficial: https://jmeter.apache.org/
- TestComplete: É uma ferramenta para testes de funcionalidade de interface gráfica (GUI). É uma das ferramentas mais sofisticadas e abrangentes para testes automatizados de GUI. Permite criar, executar e analisar cenários de teste que verificam a usabilidade, a acessibilidade e a compatibilidade da interface gráfica do software. Site oficial: https://smartbear.com/product/testcomplete/overview/
Boas práticas de testes automatizados
Os testes automatizados são essenciais para garantir a qualidade e a confiabilidade do software, mas também podem ser desafiadores e complexos de implementar e manter. Por isso, é importante seguir algumas boas práticas que podem facilitar e otimizar o processo de teste automatizado. Algumas dessas boas práticas são:
- Planejar os testes com antecedência: Antes de começar a escrever os scripts ou os programas dos testes, é preciso planejar quais são os objetivos, os requisitos, os critérios, os casos, os dados e as ferramentas dos testes. Isso ajuda a definir o escopo, a prioridade, a abordagem e a estratégia dos testes.
- Escolher as ferramentas adequadas: Como vimos, existem diversas ferramentas disponíveis para realizar os testes automatizados, mas nem todas são adequadas para cada situação ou contexto. É preciso escolher as ferramentas que sejam compatíveis com o tipo, o objetivo e a abordagem dos testes, bem como com o ambiente, a linguagem e o framework do software.
- Seguir os padrões e as convenções: Para facilitar a leitura, a compreensão, a execução e a manutenção dos testes automatizados, é preciso seguir os padrões e as convenções estabelecidos pela equipe, pela organização ou pela comunidade. Isso inclui aspectos como nomenclatura, formatação, documentação, organização e estrutura dos testes.
- Escrever testes simples e claros: Os testes automatizados devem ser escritos de forma simples e clara, evitando complexidade desnecessária ou ambiguidade. Os testes devem ter um propósito definido, um escopo delimitado, uma entrada válida, uma saída esperada e uma asserção verificável.
- Escrever testes independentes e isolados: Os testes automatizados devem ser escritos de forma independente e isolada, evitando dependências ou interferências entre os testes. Os testes devem ser capazes de ser executados em qualquer ordem, em qualquer ambiente e em qualquer momento, sem afetar ou ser afetado por outros testes.
- Escrever testes reutilizáveis e manuteníveis: Os testes automatizados devem ser escritos de forma reutilizável e manutenível, evitando duplicação ou obsolescência de código. Os testes devem ser modularizados, parametrizados, generalizados e abstraídos, para facilitar a reutilização e a manutenção dos testes.
- Escrever testes confiáveis e consistentes: Os testes automatizados devem ser escritos de forma confiável e consistente, evitando falhas ou inconsistências nos resultados. Os testes devem ser robustos, estáveis, precisos e repetíveis, para garantir a confiabilidade e a consistência dos testes.
- Executar os testes frequentemente e rapidamente: Os testes automatizados devem ser executados frequentemente e rapidamente, para verificar o funcionamento e a qualidade do software de forma contínua e ágil. Os testes devem ser integrados ao ciclo de desenvolvimento do software, usando ferramentas e técnicas como integração contínua, entrega contínua e DevOps.
- Analisar os resultados dos testes: Os testes automatizados devem ser analisados para verificar se os objetivos e os requisitos dos testes foram atendidos, se os erros e os defeitos foram detectados e corrigidos, se as melhorias e as otimizações foram implementadas e se as lições e as recomendações foram aprendidas.
Conclusão
Neste artigo, vimos o que são os testes automatizados, quais são os tipos, as ferramentas e as boas práticas de testes automatizados. Vimos que os testes automatizados são uma forma de verificar o funcionamento e a qualidade de um software sem a intervenção humana, usando scripts ou programas que simulam as ações e os resultados esperados dos usuários ou de outros sistemas.
Vimos que existem diversos tipos de testes automatizados, que podem ser classificados de acordo com o nível, o objetivo e a abordagem dos testes, como testes de unidade, de integração, de funcionalidade, entre outros. Vimos também que existem diversas ferramentas que podem ser usadas para realizar os testes automatizados, dependendo do tipo, do objetivo e da abordagem dos testes, como JUnit, Pytest, Mocha, RSpec, Postman, Selenium, Appium, Cucumber, JMeter, TestComplete, entre outras.
Vimos ainda que existem algumas boas práticas que podem facilitar e otimizar o processo de teste automatizado, como planejar os testes com antecedência, escolher as ferramentas adequadas, seguir os padrões e as convenções, escrever testes simples e claros, escrever testes independentes e isolados, escrever testes reutilizáveis e manuteníveis, escrever testes confiáveis e consistentes, executar os testes frequentemente e rapidamente e analisar os resultados dos testes.
Espero que este artigo tenha sido útil e interessante para você. Se você gostou, compartilhe com seus amigos. Se você tiver alguma dúvida ou sugestão, fique à vontade para entrar em contato.
Obrigado pela leitura e até a próxima!
Referências Bibliográficas
WIKIPEDIA. Test Automation. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Test_automation
ISTQB GLOSSARY. Test Automation. Disponível em: https://glossary.istqb.org/en/search/test automation
SOFTWARE TESTING FUNDAMENTALS. Test Automation. Disponível em: http://softwaretestingfundamentals.com/test-automation/
GURU99. Test Automation. Disponível em: https://www.guru99.com/automation-testing.html
SMARTBEAR. Test Automation. Disponível em: https://smartbear.com/learn/automated-testing/what-is-test-automation/
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