[VIDEO] Como é ser mulher e líder tech no mercado brasileiro?
Apesar de ainda não ser muito fácil encontrar mulheres líderes na área tech, esse é um cenário que, muito aos poucos, tem mudado para a melhor no Brasil. Ou, ao menos, as mulheres têm se sentido mais encorajadas e fortalecidas para ocupar cargos e espaços na área da tecnologia, maciçamente dominada pelos homens.
Tal é o direcionamento que as profissionais Laís Xavier e Dayanne Ramos levaram para suas carreiras em tech. Laís é CTO na “Muda meu mundo”, startup criada para conectar pequenos agricultores a redes de varejo. Dayanne é CTO/CPO na Gove, uma GovTech criada para descomplicar a gestão pública municipal no Brasil. Em comum, ambas têm a “garra e fibra” necessárias para fazer acontecer, mesmo diante de todas os desencorajamentos e adversidades que já encontraram e ainda encontram na carreira em tecnologia.
“Eu chegava nos clientes, todo mundo esperava o ‘cara da TI’, mas quando é mulher, era sempre ‘a menina da TI’, porque infantilizam mesmo a gente. O cara é “o cara”, a gente é “a menina”, conta Laís, que começou como desenvolvedora em 2004, trabalhando com ActionScript e Flash, popular na época. “E somos sabatinadas também. Completo 15 anos de formada em TI esse ano, e até hoje sou sabatinada, o que é muito chato. Fazem questão de me sabatinar com questões bem técnicas, o que só me cansa e cansa também o outro”.
Para reverter atitudes como essas, Laís conta que busca sempre colocar a pessoa no “devido lugar”, já que sua expertise atual está muito mais voltada para estratégia de negócio do que repetir jargões técnicos (o famoso “techniquês”) que o mercado masculino costuma colocar em prova para as colegas mulheres da área, algo que não costuma acontecer com seus pares homens.
Por já sentir a diferença dentro do colégio técnico, Dayanne de início não pensava muito no fato de não ter muitas mulheres na área. Mas ela conta que, depois, ao vivenciar de perto esse ambiente muito masculino, uma das suas maiores dificuldades era a de se expressar com seus pares. “Eu percebia que havia esse tratamento diferente, por exemplo, quando era alguma contribuição que eu trazia. E depois tinha aqueles comentários ‘ela é brava’, ‘ela exagera’, mas quando eram homens falando do mesmo jeito, isso não acontecia. Tenho a sensação de quando eu sugeria algo tinha sempre que provar meu ponto muito mais do que quando eram outros homens da equipe falando”. A superação dessa barreira, para ela, foi também aprender a se colocar de formas diferentes nessas situações, e se apoiar principalmente na paixão pela área de tecnologia.
O papel do CTO
Na visão delas, o papel do CTO é, fundamentalmente, traduzir o que é o negócio para o time de TI, sendo o CTO uma espécie de “dono” dos requisitos não funcionais, quais sejam, as decisões técnicas tomadas pelo time como um todo. “A gente é dono da interoperabilidade, manutenibilidade, escalabilidade, acoplamento ou não das nossas soluções, a gente é ‘dono’ disso, e das decisões técnicas tomadas pelo nosso time”, explica Laís. “O que a gente tem que olhar é a capacidade de escalar, por exemplo, com toda a decisão técnica que é tomada. O quanto eu consigo manter o que tá sendo desenvolvido”.
É preciso pensar também na robustez técnica, e saber lidar com pessoas, já que quem desenvolve todas as soluções são, no fim do dia, são pessoas também. E claro, ter em mente o tempo todo a visão de negócio. Em três termos fundamentais da área: people skill, hard skill e estratégia de negócio.
No vídeo abaixo você confere o bate-papo com as CTOs no canal da Revelo Community no YouTube:
Indicações de livros
Arquitetura limpa: O guia do artesão para estrutura e design de software, de Robert C. “Uncle Bob” Martin
Código limpo: Habilidades práticas do Agile Software, de Robert C. “Uncle Bob” Martin
A startup enxuta, de Eric Ries
Comece pelo porquê: Como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir, de Simon Sinek
Engenharia de Software, de Ian Sommerville
Gestão de Alta Performance: Tudo o que um gestor precisa saber para gerenciar equipes e manter o foco em resultados, de Andrew S. Grove
Team Topologies: Organizing Business and Technology Teams for Fast Flow, de Matthew Skelton